Os tradicionais "Zé Pereiras" ou "Cabeçudos"
A Associação Cultural do Minho de Toronto realizou, mais uma vez, a sua grande festa minhota do Santoinho, no Domingo passado (dia 7), num dos hangares do ex-aeroporto militar hoje convertido em parque, na conhecida zona de Downsview, na Sheppard e Dufferin Street, e que contou com uma participação entre 1500 a duas mil pessoas entre sócios, simpatizantes e suas familiares. Este festival de música e alegria bem minhota iniciou-se pelas 16 horas da tarde e culminou já bem dentro da uma hora da madrugada tendo sido completado por um extenso e completo programa de variedades e de gastronomia onde as sardinhas e as bifanas na brasa, saladas, broa (pão de milho) e a batata frita foram servidos durante quase toda a noite sem entrave às repetições e mais tarde, já pelas 23 horas, o caldo verde bem quentinho e aconchegador, com chouriço e broa, e claro o "famoso" e fresquinho Champurrião (bebida popular no Minho composta de vinho, cerveja e açúcar).
Escola de concertinas em acção
A animação e alegria foi total onde além de um animado baile abrilhantado pela banda musical Royal, vinda expressamente de Portugal cujo reportório de trechos regionais do norte e da chamada "Pimba" eletrizou multidões que lotaram o vasto recinto de dança.
Trabalhos tradicionais no terreiro
Eram às centenas os pares que ali rodopiavam sem descanso só parando para, quando, no palco, se dava continuação ao espetáculo que também contou com as jovens cançonetistas locais, a Michelle Madeira e Chantel Carneiro e para não esquecer, o Grupo de Concertinas do Arsenal do Minho, que chamamos autênticos embaixadores da sempre apreciada musica daquela região do norte de Portugal, as "famosas" chulas, viras e os cantares (marotos) ao desafio. Durante a actuação da Banda musical Royal, actuou, durante uns 20 minutos um exímio acordeonista todo mascarado mas de...cuecas que foi uma risota pegada entre a audiência. O certo é que o mascarado deu um autêntico show como se domina a concertina e quase que a pôs a "falar". Estes minhotos além de alegres têm com cada ideia...
O malhar do milho
Os ranchos folclóricos da Casa dos Poveiros de Toronto e da Associação Cultural do Minho actuaram na presença de largas centenas de pessoas que praticamente lotou aquele vasto espaço convertido num verdadeiro arraial. À meia noite foi a vez da largada dos balões suspenso do teto que foi o coqueluche da gente de palmo-e-meio. As marchas de arco-e-balão não faltaram e muita gente se divertiu a brincar ao S. João que é o padroeiro de muitas cidades e vilas do Minho.
Grupo de concertinas do Arsenal do Minho
Aliás que este Santoínho, aqui em Toronto, não é mais do que uma fiel cópia do original Arraial Santoínho, fundado há 40 anos (exatamente em 1972) pelo empresário António Cunha, falecido em 2006, e que foi o grande dinamizador e impulsionador deste evento que segundo a opinião de muitos entendidos é das festas mais tradicionais de Portugal.
Flóclore esteve presente
Por ali, pelo Santoínho, passaram grandes nomes tanto da vida artística como politica de Portugal e não só dos quais destacamos o escritor brasileiro Jorge Amado, Henrique Viana, Emanuel, Beatriz Costa, Mário Soares, Rui Rio, Jorge Sampaio, Durão Barroso, Freitas do Amaral, Carlos Carvalhas, Marques Mendes, Jerónimo de Sousa, Sá Carneiro e o embaixador Frank Carlucci entre muitos. Após a morte do seu fundador, António Cunha, que em vida, de 1977 a 1979, foi presidente da autarquia de Viana do Castelo, a sua administração ficou sob o controlo do filho do citado empresário, Valdemar Cunha, que tem continuado com este conhecido arraial edificado numa propriedade sua na Vila de Darque, que dista apenas a 5 kms. de Viana. As festas nesta quinta onde além da gastronomia, promove-se a cultura do Minho e a cultura das suas regiões, tradições e etnografia.
Mais música de concertina
Por aqui, em Toronto, há já uns bons anos que se vem festejando o Santoínho promovido pela Associação Cultural do Minho, a agremiação pioneira da cultura minhota, aqui por estas terras de acolhimento. Logo no abrir deste evento foi o passar dos famosos Cabeçudos, ou os Zé Pereiras, ao som dos barulhentos bombos. Seguiu-se as velhas tradições das tarefas do campo, das jornas, dos trabalhos nos terreiros, pois o Minho era essencialmente agrícola, estando, num desses cenários improvisados em destaque a desfolhada, recolha das espigas e o malhar com uma demonstração onde muitos dos presentes mostraram, como se fazia o debulhar, ou descascar, das massarocas de milho, nesses tempos passados, sem a maquinaria que nestes últimos quarentas anos vem, a pouco a pouco, substituindo o trabalho braçal. Tudo isto ao som das concertinas do Grupo do Arsenal do Minho que era desta forma que nos terreiros se trabalhava cantando e tocando as concertinas.
Entrada do Rancho da casa
Resumindo foi um óptimo espetáculo que agradou totalmente os presentes e onde a cultura, a etnografia e a culinária foram os expoentes máximo desta festa única das gentes a região do Minho. Está pois de parabéns a Direcção da Associação Cultural do Minho de Toronto, e toda a sua equipa de voluntários, pelo êxito alcançado na preparação deste grande festival minhoto que, em 1972, arrancou, em Viana do Castelo, pelas mãos do saudoso empresário António Cunha, e hoje, como já anteriormente referimos, sob a tutela de Valdemar Cunha.
Acção da Banda Musical Royal
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